Eu senti o movimento do carro e o cheirinho da família passeando comigo.
Família para mim, porque para eles eu era apenas um objeto velho, que serviu para alegrar as pessoas quando eu ainda era filhote, e aos poucos com o passar dos anos, sendo esquecida por todos.
Chegamos ao meu destino, Centro de Controle de Zoonoses, minha família queria pagar para a Veterinária Telma, me dar uma injeção para dormir e outra para eu descansar... a tia Telma por uns segundos olhou para mim e lembrou de outros casos, lembrou da poodle Hebe, que teve uma segunda chance.... sem questionar, me tirou da minha família e me mandou para um bainho e vários remédinhos, e minha família seguiu em frente, sem olhar para traz, sem ao menos se despedir de mim, ou me agradecer enquanto eu dei alegria à eles.
Ganhei uma segunda chance de Deus e da tia Telma, e ali minha vida começava de novo.Eu passava o dia dormindo, a tia Keké me colocou roupinha e cobertorzinho, e uma plaquinha na minha gaiola, para nunca me deixar passar frio... e lá eu era bem cuidada... adorava as comidinhas que me davam, eu comia tudo e tomava bastante água.
Por telefone tia Keké me conseguiu uma nova mãezinha, se chama Ju, num sábado ela foi me visitar, e a tia Keké todo dia passava uma mensagem pra ela, pra dizer como eu estava, mas eu ainda precisava castrar e tirar aquele tumor que tanto me atrapalhava, mas eu tinha que aguardar a reforma da sala de cirurgia do CCZ.
Então até chegar o dia da operação, fiquei na casa da tia Keké...
Eu gostei de lá, como eu era ceguinha, tinha bastante espaço para eu andar, a minha caminha era do lado da dela e eu sentia vários cachorrinhos me cheirando e até dormiam juntinho de mim à noite..
Lá eu comecei a latir, coisa que eu não fazia no CCZ, e andava muito durante a madrugada, mas a tia Keké me colocava na cama, e me segurava até eu dormir.
Eu adorava um leitinho e uma caminha...
Passei alguns dias muito bem de saúde e muito feliz, recebi muito carinho, e a minha futura mãe Ju, sempre preocupada com minha saúde e ansiosa para minha chegada, e a tia keké triste porque estava chegando o dia da minha operação e eu iria mudar para minha nova casa...
Alguns dias se passaram, e no começo de Junho acordei muito fraca e com muita falta de ar, não aguentava comer nada, a tia Keké trabalhava e nas horinhas vagas fazia inalação em mim.
Mas meu pulmão já não aguentava mais, à noite Tia Monica e tia Helô me visitaram, me medicaram, mas eu já não tinha força pra lutar mais.
Meu tumor já estava por dentro de mim, e nada poderia ser feito, eu queria descansar, eu não queria mais sofrer, e a falta de ar era imensa, líquidos já saiam da minha boca, e a tia Keké que teria que decidir meu destino...
Fomos todas ao CCZ, já era muito tarde.... e sozinhas dentro do carro, tia Keké conversou muito comigo, me explicou o meu destino e a decisão tão triste que ela teve que tomar, e eu entendi, ficamos abraçadas no silêncio e na escuridão, por minutos sentíamos as batidas dos nossos corações, e eu dormi...
Mas logo na sala eu acordei, e a dor e a falta de ar voltaram piores, e logo eu já estava na mesa esperando a minha passagem.
Sentindo o abraço da mão da minha tia keké se despedindo de mim, me senti segura e preparada... ali eu dormi e parti, uma passagem muito tranquila, meu espírito saiu daquele corpinho pequeno, e envelhecido pelo tempo, o ar entrava e eu enchia todo o meu pulmão, respirar era maravilhoso, meu ouvidos voltaram a ouvir e meus olhos a enxergar.. e a primeira coisa que enxerguei foram minhas protetoras... tia keké, tia Monica e tia Helô, cheirei cada uma e agradeci os cuidados e meus últimos dias que fui muito feliz.
E anjos lindos apareceram, radiantes e iluminados, me abraçaram, era uma energia boa e contagiante, me senti muito protegida e feliz, não tem como explicar, e juntos seguimos a maravilhosa luz.
E foi assim que morri feliz.
Nunca é tarde para recomeçar.
Lambeijos Cléo
Eu cheguei assim no CCZ
E com muito carinho e amor na casa da tia Keké, apenas com alguns dias, fiquei assim..
Uma linda estórinha de uma luz que passou na minha vida.
E que me apaixonei em pouco tempo que ficamos juntas.
Para incentivar na adoção de cães idosos maltratados e abandonados pelos seus donos.
Por Keké Flores
Oi cumadre...
ResponderExcluirNão consegui ler a sua linda história sem chorar. Foi um choro triste e alegre ao mesmo tempo, triste pq ela já estava dentro do meu coração mas não tive a chance de ter a Cléo em casa e alegre por saber que ela passou os últimos dias de vida ao seu lado que era a madrinha dela, sendo bem cuidada e recebendo muito carinho seu e dos irmãos que ela ganhou qdo foi pra passar uns dias sua sua casa.
Vc mora no meu coração...
Beijos
Ju
Ai Keké
ResponderExcluirVc só me faz chorar. de tristeza e tbm de alegria.
Suas estórias me comovem,e são lindas.
Nem te conheço e já te amo muito.
\Beijão
Solange M. Couto
Que lindo saber que a Cléo teve alguns dias de felicidade e de valor antes de partir! Parabéns!
ResponderExcluircomo spr, to aqui me debulhando em lágrimas ... há 6 meses adotei um idosinho q foi encontrado em carne viva e tem cerca de 12 aninhos ... não sei como foi a vida dele antes de mim e nem pq estava vagando pelas ruas doentinho e com sérias queimaduras, só sei q hj ele é a minha sombra, carinhoso, grudento, o pelo das costas já cresceu e tá lindo, lindo ... não penso na idade dele, apenas q estamos juntos e posso dar a ele td amor e carinho q ele merece ... PARABÉNS KEKÉ, VC É MINHA ÍDOLA!!! rs
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirVc pode me informar como eu tbem posso ser voluntária di ccz?
Obrigada
Simone
Lindas fotos!
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